Como esforço para mostrar a continuidade de uma política econômica mais austera, o governo estabeleceu nesta quinta-feira metas de inflação mais baixas para 2019 e 2020, movimento que pode ajudar a trazer juros menores a longo prazo.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou para 2019 o centro da meta de inflação a 4,25 por cento pelo IPCA e, para 2020, a 4 por cento, nos dois casos com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
"A política econômica tem hoje as condições de inflação necessárias, a transparecia necessária e a credibilidade necessária para se comprometer com metas de inflação de mais longo prazo", afirmou a jornalistas o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.
Esta foi a primeira mudança no centro da meta desde junho de 2003, quando foi fixada em 4,5 por cento para 2005, mas com banda de 2,5 pontos percentuais. A tolerância de 2 pontos passou a valer para 2006 e caiu a 1,5 ponto para 2017 e 2018.
Uma meta mais baixa para 2019 já era amplamente esperada pelo mercado em função do comportamento favorável da inflação nos últimos meses e das expectativas abaixo do centro da meta para 2017 e 2018. A novidade veio com a decisão de estender o horizonte da política monetária a três anos, ao invés de dois anos, estabelecendo um objetivo também para 2020.
"A finalidade da extensão deste prazo é exatamente porque nós estamos gradualmente iniciando um processo de convergência para padrões internacionais, que tendem a ter horizontes relevantes mais longos do que o adotado pela política monetária até agora no Brasil", afirmou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Ilan argumentou ainda que, metas de inflação mais baixas podem ancorar expectativas para períodos mais longos e, assim, a política monetária pode "facilmente" acomodar choques que ocorrem no curto prazo.
"Com expectativas de inflação mais longas ancoradas em patamares mais baixos, a economia pode almejar de forma sustentável juros de longo prazo mais baixos", disse o presidente do BC.
Segundo pesquisa Focus do BC, que ouve uma centena de economistas todas as semanas, as projeções são de alta do IPCA de 4,25 por cento em 2019, 2020 e 2021. Para este ano e o próximo, estavam em 3,48 e 4,30 por cento, respectivamente.
Fontes da equipe econômica já vinham reconhecendo que a meta de inflação menor era oportuna mesmo diante da intensa crise política atravessada pelo governo do presidente Michel Temer, já que sinalizaria maior austeridade na condução da política econômica, com custos bastante baixos.
Em 12 meses até junho, o IPCA-15, prévia da inflação oficial, acumulou alta de 3,52 por cento. E a expectativa para junho, especificamente, é de deflação nos indicadores.
"Foi um sinal bom de que, apesar das incertezas políticas, o Brasil continua caminhando em direção a políticas econômicas mais responsáveis, maior racionalidade em relação à gestão econômica", avaliou o economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani.
REFORMAS
Em nota, o diretor de pesquisa Econômica do Goldman Sachs, Alberto Ramos, reconheceu o passo tomado pelo governo como positivo, mas salientou a importância das reformas para a ancoragem das expectativas daqui para frente.
"Para que as novas metas ancorem com sucesso as expectativas de inflação, é crítico que o esforço monetário seja complementado por progresso tangível na direção de mais consolidação fiscal e adoção de reformas micro e macro para deixar a economia mais flexível e produtiva", afirmou.
O governo tem enfrentado intensa crise política após delações de executivos do grupo J&F levarem à denúncia contra o presidente Michel Temer por crime de corrupção passiva, alimentando temores de que a reforma da Previdência possa não ser aprovada no Congresso Nacional.
Questionado a respeito do tema, Meirelles procurou desvincular a necessidade de aprovação das reformas à decisão sobre os alvos mais baixos da inflação para os próximos anos.
"O fato de se precisar ter juros reais um pouco maiores ou menores para financiar a dívida pública a longo prazo, e esperamos que sejam cada vez menores, obviamente com a aprovação de reformas, isso não influencia necessariamente a trajetória da inflação nem cria necessidade de convivermos com inflações mais elevadas no futuro", disse.
"Inflações mais elevadas não asseguraram, muito pelo contrário, crescimento maior", acrescentou.
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