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 Como o presidente do Peru se salvou de um impeachment que parecia quase certo

Como o presidente do Peru se salvou de um impeachment que parecia quase certo



Como em um "perdão de Natal" dado a presos condenados, o presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, escapou de ser afastado do cargo pelo Congresso do país.

Sua saída parecia iminente: eram necessários 87 votos para a destituição em um Parlamento com 130 membros, no qual apenas 18 integram o partido do presidente.

No último minuto, porém, um grupo parlamentar de esquerda, crítico do governo, decidiu deixar o Congresso sem votar.

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Ainda mais surpreendente é que a posição até então unificada do fujimorismo - grupo ligado às políticas e à ideologia do ex-presidente Alberto Fujimori e que lidera o principal partido da oposição, o Força Popular - foi quebrada.


Isso porque membros-chave do partido não apoiaram a destituição de Kuczynski.

Foram 79 votos a favor da vacância, 19 contra e 21 abstenções.

O resultado surpreendeu porque, apenas uma semana antes, 93 deputados colocaram a corda no pescoço do chefe de Estado ao aprovar o pedido de destituição sob a acusação de "incapacidade moral".

Mas então o que motivou esse perdão no último minuto?

A sombra da Odebrecht


"A Constituição e a democracia estão sob ataque. Estamos diante de um golpe disfarçado de interpretações legais supostamente legítimas", afirmou Pedro Pablo Kuczynski em uma mensagem transmitida pela TV na noite de quarta-feira.

Poucas horas depois, o presidente foi ao Congresso para se defender antes do início do debate sobre sua destituição.
Pedro Pablo Kuczynski e seu advogado Alberto Borea na sessão do Congresso: Oposição acusa Kuczynski de "incapacidade moral" por supostamente ter recebido dinheiro da Odebrecht para favorecê-la em licitações © AFP Oposição acusa Kuczynski de "incapacidade moral" por supostamente ter recebido dinheiro da Odebrecht para favorecê-la em licitações

Com apenas 17 meses no cargo (de um período total de cinco anos), ele parecia estar com o afastamento garantido.

Além da sua pequena representação parlamentar, Kuczynski chegou ao menor nível de popularidade de sua administração: apenas 18% dos peruanos o apoiam, de acordo com o instituto de pesquisas Ipsos.

A acusação que levou ao pedido de vacância do cargo é a mesma que havia derrubado vários políticos influentes da região: receber dinheiro da empreiteira brasileira Odebrecht para favorecê-la em licitações estatais.

O partido Força Popular, que controla 71 assentos no Congresso peruano, revelou em 13 de dezembro que a empresa Westfield Capital, de propriedade de Kuczynski, recebeu dinheiro da construtora brasileira quando o atual chefe de Estado era ministro do ex-presidente Alejandro Toledo (2001-2006).

Por causa da suspeita de que esse contato, que ocorreu há mais de uma década, implicasse corrupção, foi iniciado um processo rápido de afastamento que, em apenas oito dias, poderia levar à troca na Presidência e, com isso, mudar a história do país.

Milagre de Natal


Para evitar uma destituição que parecia certa, Kuczynski usou uma estratégia arriscada na mensagem que transmitiu à nação na véspera.

Ele disse que, se fosse afastado, seus vices também renunciariam, o que deixaria o país nas mãos do presidente do Legislativo.
Seguidores de Kuczynski na porta do Congresso do Peru: Partidários do presidente se concentraram na porta do Congresso peruano durante a sessão em que a destituição foi votada © Reuters Partidários do presidente se concentraram na porta do Congresso peruano durante a sessão em que a destituição foi votada

Segundo a Constituição, o titular do Congresso deveria convocar novas eleições.

"Foi assim que o presidente deu a última cartada", disse à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, o cientista politico local Fernando Tuesta.

A possibilidade de uma eleição geral que implicaria também em novas eleições parlamentares pode ter desencorajado legisladores a apoiar o afastamento de Kuczynski.

"O desenho constitucional peruano é de correspondência, o que significa que o Congresso e o Executivo têm o mesmo prazo, do início ao fim", acrescenta Tuesta, ex-chefe do Escritório Nacional de Processos Eleitorais.

Alguns congressistas de bancadas de esquerda, que uma semana atrás aprovaram debater a destituição, se abstiveram de apoiá-la frente ao novo cenário.

O presidente do Congresso faz parte do Força Popular, o movimento de Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, condenado por corrupção e crimes contra a humanidade.

"Esse cenário abriu os olhos da esquerda", observa o analista político Juan Carlos Tafur.
Manifestantes favoráveis à Kuczynski na porta do Congresso: Manifestação a favor de Kuczynski: O presidente poderá continuar no cargo, mas, segundo analistas, sai enfraquecido do episódio © Reuters Manifestação a favor de Kuczynski: O presidente poderá continuar no cargo, mas, segundo analistas, sai enfraquecido do episódio

"Kuczynski levantou a possibilidade de o fujimorismo praticamente controlar o país, e os movimentos de esquerda mudaram de opinião para apoiar sua permanência no cargo", afirma Tafur.

Diversas organizações sociais e movimentos de cidadãos marcharam nos últimos dias em repúdio à possibilidade de vacância da Presidência - não tanto por acreditarem na inocência do presidente, mas por defenderem o respeito às normas da democracia.

Os congressistas de oposição são criticados por promoverem uma "vacância express", sem dar tempo e oportunidade para Kuczynski se defender adequadamente.





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